quinta-feira, 11 de março de 2010

Canção calada


Preto e branco

Meio grisalho num novo rosto que nasce.

Prisão e liberdade

Deixa a gente dançar no acaso que age.


Grito e silêncio

Há dentro da voz

Pernas e braços

Nos desatam os nós.


Seco e molhado

Os beijos que demos

Doce e salgado

O sabor do veneno.


Canto e espanto

Um teatro, trágico.

Luz e escuridão

Feitos de sonhos meus.


Lua e sol

Ilha e farol

Desejo e solidão

Casais são casais

Barcos e cais

Deixa-me velejar!


Dia e noite

Eu tento lhe esquecer,

Mas se o raio de sol se esconde no brilho de outras estrelas

Para a nossa vida separar,

Olha para mim, pois

Nos teus olhos, há a luz

Pra te enxergar.

Labirinto


Do alto e do baixo. Do breve e eterno momento em que se cala o silêncio, num golpe de pensamento particular que ninguém pode ouvir. Grita em mim num momento – o que será que me falta por dentro?
Do oco e do completamente cheio. Meu coração oscila entre os donos que o aprisionam e entre o ar que não o flutua, por ser ele incapaz de sustentar o peso que comporta meus sentimentos. Então, me deixa falar.
Mas ora, ora... As palavras, vez em quando, me somem, escapolem de mim. As idéias saltitam loucas numa cabeça tão confusa e devaneadora. A língua se embola numa dança de quem tem tanto o que dizer e não conhece os ouvintes.
Falta-me o ar, o chão, as asas pro meu vôo livre de ilusão. Escolher viver dentro de um labirinto secreto de histórias que eu mesma crio é assinar a incrível sentença de ser eternamente uma sonhadora infalível, incansável.
As correntes da ilusão também fazem parte da vontade de ser livre, de ter a liberdade de poder viver aquilo que se deseja ser, então se torna meio divertido recriar teu labirinto dia após dia, a fim de chegar sempre ao mesmo lugar: na felicidade.
E por onde ela anda? Quais roupas ela usa? Com quem ela se deita? O que ela estuda? Qual carro ela dirige? Em qual ilusão nos cabe achá-la? Qual o preço que ela paga pra existir? Ela existe?
É necessário sonhar, é imprescindível acreditar em tudo quanto possa parecer irreal. De fato devem-se estender as mãos ao longe, como se pudéssemos segurar a felicidade e trazê-la para nós como um troféu, ao fim do dia, ou da vida. Ninguém sabe se veio ao mundo para seguir longos caminhos ou dar saltos impossíveis, mas todos deveriam saber que para se chegar bem perto do que seria a felicidade é necessário andar e saltar por longos abismos de realidade, e para isso é necessário que se tenha coragem. E veja só, a coragem vem dos sonhos!