segunda-feira, 28 de junho de 2010

Constelação terrena



O céu se refaz diante de duas pequenas estrelas caídas.
São olhos intactos, distantes e incandescestes,
Apenas o que restou desta vida.

A lua se dobra num reflexo onipotente
Aquele olhar perdido não deixa vestígios
Ele se finca no fio perdido do presente
Mas só mostra um futuro distante e vazio.

O sereno recai como uma cachoeira de brilhos,
Aqueles olhos tão grandes guardam um coração escondido.
Ao longe, o céu e a lua que me vêem perdido
Guardam o segredo do meu silenciar.

Esta noite – Veja! Tão bela –
Eternizou-se em um par de olhos dentro dessa luz perdida.
De longe é possível notar quem domina o instante,
Dentro do olhar de estrelas caídas.

domingo, 20 de junho de 2010

6 A.M ( música =] )




Tenho aqui, guardadas em mim,
Suas palavras.
Que me fazem sentir que não importa aonde ir
Se já não tenho você aqui.

Sinto muito, mas é tarde,
Falta um pouco de coragem, sei que não vou mais agora,
Juro ficar bem aqui, pra te ver ao fugir
Pronta pra me seguir?

Sinceramente, não dá pra continuar,
Se não tem a gente, o que fazer nessas horas
Quando a saudade vier me contar:
Das horas que não passam,
Do teu sorriso que ainda está...
Do teu cheiro que ficou preso
Dentro da minha sala de estar?

É,
E a lua sempre desce a meu ver te lembrar
Perdido na noite onde eu quero viver,
Sinto muito, mas não sei onde você está
Acordo tão cedo e já não posso dizer:

- Bom dia. 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Passou


Passei por ti, hora pouco,
Nem vi que no teu porto
Há um mar de esquecimento em mim.

Deixei de te lembrar, assim
Deixei partir o que estava partido,
Deixei fugir, ai de mim!
Tornei-me parte do teu andar distraído.

Agora sei de mim, correndo na represa,
Do nosso amor, toda a beleza
Aqui jaz como um conto antigo.

Teu novo amor, ah! Tão mais bonito
É o que pensas quando pensas em mim.
É uma pena que tu não sejas mais o meu problema
Ai de mim, tu és meu fim!

E pelo fim só temo o rumo,
Da tua nuvem de sumiço, pego carona no feitiço
E sumo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

12 de junho

Por que os namorados contam tanto o tempo? Por qual motivo associam a intensidade do que vivem aos dias, horas e segundos? Relacionamentos cronometrados tendem à técnica, a forma sutil do ponteiro do relógio que, fatidicamente, param por falta de bateria.
O distrair-se torna o tempo aliado, o observar ao redor torna o mundo imenso! Há quem olhe para o calendário e veja momentos, há quem olhe para pessoas e veja folhas de calendário, marcadas dia a dia com a caneta ríspida da rotina. O dia mais importante é o tal dia. O dia de dizer o que sente é aguardado, marcado. Mas oras, que amor é este que é cronologicamente guiado, quando a sua perfeição está na circunstância dos instantes? Vende seus olhos para o tempo, abra seu peito à intensidade. De fato o amor se finca ao tempo, por ser o amor crescente e infinito, mas não é necessário que se busque a perfeição das horas, já que estas também trarão atribulações e rugas. O olhar distraído para dentro de si permite que se enxergue melhor o outro. A partir do momento em que se cobra demais de si mesmo, esta cobrança é transferida àquele que se submete a amar. Por hora, resta-me o que aprendi no meu erro, adoro errar! Se soubesse que num dia tão comum como este, tão insignificante diante da significância dos demais instantes, diria àqueles que amam e tem a quem amar que se distraiam. Que se percam das horas, que se abstraiam das datas, que esqueçam o tempo! Afinal, algo só acaba depois que começa, e se o que se pretende é a eternidade, não busque o gênesis de um amor que não faz parte do tempo, faz parte apenas de si e de sua plenitude.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Te encontrei

Eu te encontrei jogado ao vento
Por entre pássaros e solidão.
Te encontrei em meio ao relento,
Hoje te tenho no meu coração.
Encontrei por entre flores
Arrisquei me arranhar nos espinhos
E mesmo pela maior das dores
Valeria a pena por estar em meu caminho.
Te encontrei pelas ruas desertas da minha história
Que tão sombrias e cinzas eram até então.
Hoje, faz parte da minha memória,
Na infinidade da minha imensidão.
Te encontrei no meio de tantos
De céus, terra e mar
Achei o meu porto seguro, meu encanto
Que o tempo não poderá apagar.
E hoje por ter encontrado
Já não vago incessantemente por olhares
Já não busco palavras de corações mudos
Não faço esforço para sorrir.
Porque eu te encontrei em meio ao mundo
Mas tão perto de onde eu vivo
Encontrei no que eu sinto um escudo.
E em teu peito um abrigo.

Pra sempre


 Na noite calada
No chão
Na estrada
Onde você estiver.

Na terra, no ar.
Em cada cantinho
Buscando um caminho
Pra sempre te ter.

E lá das estrelas
Teus olhos me guiam
Mesmo que agora eu não possa
Te ver.

Você vai continuar sendo o meu pra sempre
Mesmo que não existente.
Mesmo que não real.

Meu sonho feito de papel
Caneta
E cristal.

Vai ser pra sempre o meu melhor beijo
O meu maior segredo
A minha maior dor.

Vai ser pra sempre
O meu pra sempre futuro
O meu sonho antigo.
O meu maior amor.

Eu te amo


 Eu não posso explicar a forma
Não sei dizer o tamanho
Só sei que cada dia ao seu lado
É mais um dia que eu ganho

E falar isso pra você
Tornou-se tão difícil
Já não quero estar sendo repetitiva
E não quero que seja um ofício.

Mas é apenas verdade
E você sabe bem
Que isso eu só digo pra você
E não existirá mais ninguém

Ninguém nesse mundo que me encante
E quando me abraça seja como um círculo
E quando duvidar do que eu te sinto,
Leia o título.

Ausência presente


Procurei em muitos olhos olhar
Busquei palavras que me fizessem sentir
O tempo que corre aqui dentro
Faz-me achar que te esqueci.

Mas será que sua imagem se esvaiu
 Quando nos meus sonhos você vem me visitar?
Eu sei que é tão certo te ver
Pois tua imagem ainda vive em meu olhar.

Ah, se um dia isso cessar!
É tão improvável que isso aconteça.
Sempre que eu fechar os olhos à noite
Você ressurge, com certeza.

Meu pequeno anjo
Que mora dentro dos meus sonhos
Hoje vejo que tudo tem sua razão
Você pode estar tão distante
Mas estará sempre no meu coração.

Já não tenho mais medo do fim
Nem da sua ausência
Pois, enquanto houver sonho pra mim
Sentirei tua presença.

Isso já me basta como um mundo
Não acredito em felicidade concreta.
Mas, enquanto tudo está escuro no meu quarto.
Nos meus sonhos eu me sinto completa.

Desse amor não se vive


Como é duro ver o tempo passar
Sentir bem no fundo o meu fim
E quando a minha última lágrima rolar
Entenda que este dia foi feliz pra mim.

Já não preciso mais pensar
Sentir, achar
Não sou mais eu quem comanda a vida
E eu já nem estou neste lugar.

E se você soubesse o tanto
O tanto do amor que eu tive
Não se surpreenderá ao saber
Que desse amor não se vive.

Eu repousarei de leve
Tal como a borboleta em uma flor
E se pensares na dimensão do universo
Talvez consiga imaginar o tamanho do meu amor.

Mas desse amor não se vive
Ele não me sustenta, não me alimenta.
Ele apenas me aflige.

Bem como um sonho não sonhado
E tão só quanto às noites que sempre tive
E se você me julgou covarde, morro agora,
 Pois desse amor não se vive.

(escrito aos 15 aninhos, rs)




Ruas vazias



As ruas tão vazias
E não se ouvia nenhum barulho
Eu andava sozinha de novo
E ainda era o mês de julho.

Talvez um dia eu volte
Mas hoje eu só quero andar
Quem pode explicar o que se sente,
Quando se o que se sente não há?

Se obrigar a gostar
Fingir pro espelho você pode até tentar
Mas, sozinha no seu quarto à noite.
Pra si mesmo não poderá enganar.

Às vezes eu penso que essas ruas vazias
Nunca terão um fim
Já andei por tantos lugares
Mas nunca achei um lugar pra mim.

Eu só não quero voltar
Prender-me de novo não seria leal
Mas eu sei que ficar parada não dá
Pois ainda há muito que caminhar.

O cansaço, a falta de fé
Não me podem abater
Enquanto houver ruas pra seguir
Seguirei até não poder.

E quando enfim me achar
Talvez não precise de mais nada
E as ruas que vazias eram
Se tornarão o fim da minha jornada.

Ao te encontrar


Eu ainda corro em direção contrária
Me machuco com meus próprios espinhos
Não sei se o que quero é suficiente
Ou se busco um novo caminho

Eu só queria a fórmula pra trazer tudo de volta
O meu sol de ontem.
O meu coração
Tudo que mais me faz falta e que não me deixa

Eu nem lembro mais
Só me vejo olhando pra trás e te esperando
As rosas murchas ficaram
E eu ainda sonhando

Amar pra mim ainda não é tão simples
Quem poderia saber o que me faz feliz?
Talvez quando um dia me encontrar distante
Saiba que neste dia essa poesia eu fiz.

Deixou-me tudo que sei
E tudo que sou pertence a ti
Não me peça para acelerar meus dias
Pois para sempre ficarei presa aqui.

O meu mundo plantado e criado
Jamais será o mesmo
Pois desde o dia em que te vi naquela calçada
Não escondo mais meu desejo.

Perdi toda a noção do saber
Tentei entender o não entender
Fiz das minhas palavras meu coração
Fiz dos meus sentimentos uma canção.

A canção que fiz pra mostrar
Que não me lembro o dia, nem a hora.
Mas sei que desde o momento que te encontrei
Minha vida antiga mandei embora.

sábado, 5 de junho de 2010

O despertar das borboletas



Essa é uma história de amor diferente de todas as outras.
Lucíola tinha apenas treze anos, e se encontrava órfã há alguns dias. Seus pais haviam morrido de forma surpreendente, envenenados por uma espécie de agrotóxico utilizado na salada feita por dona Margarete, mãe de Lucíola. Até hoje não entendem direito como a menina sobreviveu àquele almoço, mas não entraremos nas vias investigativas da história.
A questão é que Lucíola teve de deixar a pequena e pacata cidade de São João do Paraíso para viver com sua avó paterna – único parente que lhe restara – pois bem, não haveria de ser tão ruim se a velha não fosse uma verdadeira bruxa, sem verrugas no nariz.
Era treze de julho quando Lucíola embarcou para a capital do Rio num ônibus velho e caindo aos pedaços. O caminho parecia eterno, longas horas de viagem avistando uma paisagem, ora verde, ora verde, e... Ora verde. Quando de repente! Ah, era apenas um quebra-molas. O desejo de Lucíola era que o ônibus tivesse atropelado algum gado pela estrada, para que ela pudesse observar algo mais aventuresco em sua viagem tediosa.
Lucíola nunca foi uma criança fácil. Era mais esperta que as demais, tinha os olhos atentos e as mãos inquietas, ela mexia em tudo e nunca se dava por satisfeita. Seu pai a chamava de abelha rainha, pois ela comandava o grupo da bagunça das crianças das redondezas de onde eles viviam.
Mas ela já não era mais criança. Seus treze anos lhe renderam pequenos seios, algumas espinhas e cólicas mensais; rendera-lhe também uma vaidade sem tamanho, ela já não gostava de sair sem olhar os cabelos no espelho – Lucíola tinha belo cabelo encaracolado, bem claro nas pontas, como raios de sol.
 A viagem estava cada vez mais triste, sem emoções e, para piorar, chegando ao fim. Ela estava bem próxima de seu destino, a casa da vovó Iolanda. Nos trinta e últimos minutos finais de sua viagem, eis que surge uma voz lhe dizendo:
- Posso me sentar, senhorita?
Naquele momento, Lucíola havia pensado se era ela mesma a senhorita em que aquele belo menino de olhos azuis se referia. Num súbito momento, ela respondeu com toda sua sutileza característica:
- Por que queres se sentar aqui agora? Faltam alguns minutos para desembarcarmos. Você não esteve de pé este tempo todo, não é? Por que não permaneceu no seu lugar?
O rapaz então, assustado com o rompante de Lucíola, respondeu:
- Eu estava sentado ao lado daquele senhor – ele aponta para um homem bem velho – mas ele estava me chateando, querendo contar-me coisas que eu tenho certeza que são mentiras. E ele também tosse a todo instante, não quero chegar ao Rio trazendo algum tipo novo de Rota Vírus.
- Pelo tempo que você esteve sentado ao lado daquele velho, já pode muito bem estar contaminado, agora o seu plano maligno é transmitir os seus vírus para mim? – respondeu Lucíola, que estava tão brava, pois não conseguia conter a vontade de lhe conceder o lugar de uma vez, por conta daqueles olhos azuis.
- A senhorita me parece bem esperta, mas não terei motivos para lhe querer mal, apenas se não me ceder o lugar ao seu lado.
Pois bem, Lucíola sorriu pelo canto da boca, sem deixar que ele notasse e levantou sua mochila azul que ocupava o banco ao lado.
- Perdão, eu não apresentei. Sou Dimitri.
- Prazer, o meu nome é Lucíola, mas pode me chamar de Luci.
A emoção da viagem estava se iniciando a partir dos cumprimentos. Lucíola nunca quis tanto que a hora se perpetuasse para que pudesse ouvir mais de Dimitri.
- Então, Luci, por qual razão está indo ao Rio? Perguntou Dimitri, com um belo sorriso esboçado.
- Meus pais faleceram comendo salada no almoço, há uma semana. E eu estou indo morar com a minha avó Iolanda. Lembro-me apenas dos Natais que passei em sua casa, ela não me deixava comer os bolinhos que ela fazia quando eles saiam do forno, porque dizia que eu era muito má para comer bolinhos. Ela não gosta de mim porque eu deixei o seu gato Michel fugir quando eu tinha seis anos. Na verdade eu tenho um plano: eu pretendo fugir. Só não sei o que vou fazer ainda com os cruzeiros que meus pais me deixaram, mas penso em comprar umas passagens para Paris. Sempre quis conhecer Paris...

(sem previsão de nova postagem desse conto)