terça-feira, 16 de julho de 2013

"(...)Meu único dilema é que escrever dói. O branco do papel ou da tela dá espaço a um cérebro atordoado de ideias. É muito doloroso agrupá-las. Queria, talvez, acordar um dia sem precisar rascunhar-me do avesso. Pegar meu café, tirar os farelos do pão de cima da mesa e viver. Abrir a porta de casa e fechar a porta dos pensamentos. Permitir-me a displicência de uma moça de vinte e poucos anos. Mas nasci condenada a soprar uma ferida que não cicatriza. A ficar aqui, comigo mesma, numa profundidade que não permite qualquer invasão. Eu tô sempre só e, ao mesmo inexplicavelmente, pública. É que as palavras têm essa mania de saltar de mim e não me permitir o simples anonimato dos pensamentos alheios.
E há quem ache glamouroso tudo isso. Eu sei lá. Acho que eu poderia, quem sabe, ter, simplesmente, nascido boa em matemática".

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Correnteza


Deixa o mar se abrir pro teu sorriso,
De onde vem essa paz que mora em mim?
Deixa que eu te deixo no infinito
Olhando assim, o laço é lindo,
Pena que desata em fim.

Doce o teu dilema de menina,
Cada vez que eu te deixo só.
De mãos dadas na eternidade, no teu sonho, na saudade
Dos teus passos, sei de cor.

Deixa que a beleza se revele,
Já não sou quem tu preferes,
Sei tão bem o meu lugar...

Triste é te ver assim tão longe,
Navegando nesses mares
Que eu não posso ancorar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Julho

Quando se depara, 
quando se desprende,
quando se assusta ao me ver.
Assim, tudo mudado, 
e tudo diferente
e o tempo que não para de correr.

Faz tempo que não vejo, 
que não volto atrás.
Aprendi aos poucos a me libertar.

Algemas e correntes,
mas tudo, de repente,
parece agora se desenquadrar.

Quando notar, estarei diante de você
devolvendo as mentiras,
com a melhor das rimas
tentando te dizer.

Há canções que falam por si só,
e essa fala sobre mim,
de tudo que eu pensava sobre nós.

E hoje o tempo que não para de correr,
me trouxe perto de você,
pra que eu possa ir embora.

O futuro que você não construiu,
e aquela noite de abril,
não me faz falta agora.

Neblina

Ela vem de um jeito que eu tento observar,
e tudo se torna do jeito,
do jeito manso que ela dá.

Perdida na sua neblina,
não nota a menina
que ainda te há,

Me contou sobre os seus segredos,
que eu jamais saberia dizer.
De manhã quando acordo cedo,
não escondo o medo
de nunca te ter.

Deixa eu te contar tudo que eu enxergo em você.
Mesmo que num breve olhar,
antes mesmo de te conhecer.

É pequena, é suave, é veloz.
É a dona dessa minha voz.
É o pedaço perdido de mim que acabei de encontrar.

E o tempo nos torna ninguém
diante de tudo que há.
De manhã quando acordo cedo,
eu sonho olhando você acordar.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Silêncio

Dói porque aos poucos se agita
Se esquece, se brinca
Se deixa pra trás.

Dói porque no fundo somos todos ferida,
Aguardando a saída,
Desses barcos no cais.

Dói se já não somos os mesmos,
Dos iguais que nós fomos
E deixamos de ser

Dói porque na calada da noite
Nossos olhos se esbarram
Para nos perder.

Dói se já não vejo seu rosto
Se já rompemos agosto nessa tarde linda,
Sem eu poder te dizer, mesmo em silêncio:

- Te amo, ainda.