terça-feira, 4 de maio de 2010

Indagação

Pra que falar,
Se há um ruído falho que desmancha as minhas frases

E há um perfume inesgotável preso nas narinas

De quem sabe apenas respirar teu ar?


Pra que falar,

Se no fundo d’água ainda há uma corrente gelada

Já tão fraca quanto os braços tão presos e cansados,

Que ontem nadavam na mesma direção?


Pra que falar,

Quando já não há movimentação,

Onde a inércia forma toda aglutinação

De corpos sedentos por perdão?


Pra que falar,

Se promessas são palavras

E palavras são pedaços de ar que saltam de nossas bocas

Alguém consegue detê-las ou segurá-las?


Pra que falar,

Se teu nome estava escrito na areia seca de um peito talhado
,
Onde uma onda que nasceu do meu pecado

Fez teu nome se apagar?


Pra que falar da vida em que vivemos

Das coisas tão boas que aprendemos

Se eu já não tenho ninguém para escutar?

Pra que falar?

Um comentário:

Raíra disse...

Muito perfeito , parabéns! *-*