sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Next Stop


As asas do vento trouxeram-me até aqui onde estou. Vim cortando tira por tira dos véus que cobrem os céus, e Deus, aquele mesmo Deus, me fez pura palavra rimada, me fez poesia completa para que eu pudesse despir o mundo da seriedade que contém cada palmo de chão.

Eu que nasci gota de orvalho, hoje sou um oceano inteiro. É impressionante a distância entre mim e meus sonhos, agora pouco eu toquei um deles, mas para meu azar, ou sorte, ele está indo embora, como tudo um dia se vai. Apenas o local onde se guarda o que fica permite saber se é melhor continuar dormindo, ou acordar de vez.

Há de ser a vida, esta nossa vida. Há de ser o dedo de Deus, ou de qualquer coisa sobre nós. Hoje entendo porque os caminhos se misturam, vejo os porquês entrelaçados como teia de aranha sobre minha cabeça, e é notória a necessidade de olhar para si, notar o que há em si.

Costumo parar um tempo e olhar adiante, mesmo que isso seja da minha janela. A minha janela é transparente, intocável, ilógica. Dela vejo mais do que colibris e gotas de chuva, eu posso ver gotas de alma e pássaros dispersos, com nome e sobrenome.

Vejo vida. Do momento em que se planta ao momento que se cresce. Vejo vida morrer, como árvore.

Vejo sonho e realidade como frutos. O fio que separa um do outro é como o prazo de validade de um produto, ou quem sabe, o tempo de duração de um fruto.

Passamos boa parte da vida buscando sonhos como frutos pendurados em árvores. Almejamos tanto os belos que ficam presos à copa. Eles são sempre os mais doces. Então lá permanecem, ainda verdes, a nossa espera. Com um pouco de determinação, chega-se ao topo da árvore, e muita das vezes, os sonhos ou frutos, como quiser, já estão podres. Este é o risco. Tudo na vida é baseado em risco. Os sonhos da beira da árvore podem não ser os melhores, e ai está o risco de ser comodista. Os mais inalcançáveis, podem ser vencidos pelo tempo de espera. Mas talvez, tudo não passe de realidade. Sentar embaixo da árvore e esperar que o fruto caia na cabeça, é esperar o fruto podre. Talvez seja por isso que a realidade não tenha lá o melhor dos sabores.

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