Vejo vidas correrem como um rio, e como um rio represado em corri em busca de um caminho louco, desconhecido. Por tantas vezes eu fechei os olhos e senti o caminho certo, os meus pés tão firmes no chão mostravam que nada me faria cair. Até o dia que eu caí. Ao olhar pro lado, não havia ninguém, então eu percebi que caí sozinha, o chão era tão liso que a pressa me fez deslizar.
E ao tentar me levantar eu vi duas mãos estendidas até mim, ao olhar pra cima havia um sorriso tão sincero, aberto e feliz. Eu não hesitei, não desconfiei de tal caridade, eu segurei as mãos com toda vontade que eu tinha. Até puxá-las para baixo, e essa foi a minha condição: Elas me ajudavam a subir ao mesmo tempo em que eu as derrubava.
Hoje eu choro por ter me apaixonada por elas, que tão seguras e firmes me tiraram do chão, o tempo me fez muito bem, mas não à elas.
Eu já sabia me levantar muito bem, então sentei ao seu lado, tão frágil no chão. Eu não as abandonei em hora alguma. Quando elas estavam desconsoladas, enlouquecidas, eu estava lá. Uma boa e a pior das companhias para elas. Talvez a mais verdadeira. Eu não quis, é verdade... Nunca quis derrubá-las. Mas eu derrubei, com um golpe fatal elas permaneciam no chão.
Então o tempo, o mesmo tempo que curou a dor da minha queda, havia as ensinado a levantarem-se sozinhas. Elas estavam abertas na minha frente, como se esperassem um abraço. E quando eu aproximei, era um tapa tão forte no rosto que me esperava.
E então eu cai pela segunda vez, não menos dolorosa que a primeira queda. Sim, eu já havia aprendido a levantar, mas dessa vez eu iria ficar no chão por um bom tempo.
Já não havia força para tal, e o chão era liso e seco, eu não ia morrer dessa vez. Então eu me arrastei até a beira de um lago, olhei bem atentamente o meu rosto. Ora, o lago também fazia parte do chão e parecia lindo. Mas o meu rosto estava marcado, havia a marca de uma mão bem forte. Eu ao menos sabia o que fazer com ela, sabe... ela ainda doía.
Eu não tenho mais força pra continuar o texto. Ainda dói.
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