sexta-feira, 30 de abril de 2010

Diagnóstico


Sou perdida como a nota que sai da flauta, sou a leve brisa morna de um dia de verão, sou a pele mais remota de um anjo da estação, eu sou aquele clarão que cega, sou a espada e a seta que não mostram nenhuma direção.
Sou de vidro, sou de aço, sou completamente um pedaço, sou do circo, sou palhaço, sou o ingresso esgotado de uma noite de inverno embaixo de um abraço materno.
Sou a voz e violão, sou o tempero do feijão, sou o azedume do limão que quer salgar as nossas vidas. Atrevida, sou gigante, tenho voz de alto-falante, sou poeta militante dessa saga embriagante que é a vida. Sou partida, bilateral, sou o cheiro da flor do quintal de Deus, eu sou o velho barco na beira do porto dizendo adeus.
Sou o leve levantar do sol na primavera, sou menina, sou sinceramente tudo que é a gente e ninguém vê. Eu sou a cena de comédia na TV, sou a gota d’água que caiu lá da sacada e deixou o chão transbordado de amor. Eu sou a nuvem passageira, que avisa chuva forte ou o raiar do sol, eu só o pólen, sou os grãos, sou a verdade de toda face, eu tenho a voz tão pouco grave e sei dizer tudo que sei e não sei. Eu sou a pedra no caminho, sou o impulso do teu pulo, mas também sou o escudo dá tua dor. Sou a represa que carrega, sou a mulher que escorrega, eu sou as pedras do arpoador. Sou o silêncio de mãos dadas, sou o suor do nosso amor, eu sou o grito de todo prazer ou dor.
Sou cada passo, cada rima, cada gota cristalina
Sou as juras e os sonhos do amanhã...
Eu sou os olhos que escondem todo além de um horizonte,
Eu sei sorrir e sei chorar diante da dor.
Sou o lamento, sou o canto, sou o espanto e o terror
Mas também sei ser a beleza de cada dia que virá
E cada dia que passou.
Eu sou aquilo que do mundo restou. Sou todo e qualquer lugar, sou onde você está, eu sou a pétala perdida, eu sou do ar.

Fotossintaxe

Tudo. Tão grandioso e perigosamente magnífico, às vezes, o tudo é um nada sem fim. Havia um riso, uma respiração profunda, uma admiração infindável, mas... Ora, ora! Tudo finda.
A rosa, tão bela e preciosamente guardada na velha caixa, hoje se encontra seca, despetalada, porém não fora deixada de lado. Ela ainda me vê dormir e acordar, dia após dia, sem você aqui.
Quantas vezes a vida que eu te dei, que eu te nomeei, qualifiquei... Quantas vezes desta vida eu não cuidei? Quantos nãos estão lá fora batendo na porta, loucos para me contar mentiras tão lindas como são as palavras de amor? Ai daquele que nunca as disser. Não há engano, não há borracha. Se há sinceridade no que foi escrito, deixa-te que o tempo apague se as palavras já não contêm a verdade absoluta de sentimentos que jamais serão absolutos. O tempo não nos muda, mas nós mudamos para recriar o nosso tempo ideal.
As palavras então perdem o seu sentido, não o semântico, lexical, sintático. Elas perdem o sentido direcional, podem correr pelos ouvidos, ser admiradas pelos olhos, mas elas não falam alto ao coração de quem não mais as reconhece.
Deixe-se espalhar como as palavras, não tenha medo de que um dia elas não passem de simbologia, de um registro de um tempo em que elas tornavam infinitos os sentimentos. São pequenas vítimas das nossas mãos e do relógio na parede, elas não têm o poder de emocionar se não encontram o alvo certo. Talvez as palavras que eu teimo em não apagar já estejam completamente apagadas. Elas andam loucas, sendo reescritas de forma incontrolável, místicas, eu diria. Não mais pelas minhas mãos.
As cartas já não chegam, os poemas já não tem o seu nome implícito nos títulos, as rimas e as estrofes não têm mais o gosto do teu beijo, as palavras moram na casa da saudade em que eu visito sempre que posso. Eu já não posso, não é mais justo deixar de escrever novas linhas para continuar a ler linhas antigas.
Lembra-se da rosa? Do tudo que tu eras? Da vida que um dia eu te entreguei? Da lua lá fora, tão branca, que te fazia lembrar-se de alguém? Pois bem, hoje tudo isso não passa de velhas palavras.
Hoje, ao acordar, resolvi jogar os vestígios da flor no lixo, mesmo que eu ainda a visse nascer e crescer dia após dia dentro de mim.
Há flores novas pelo mundo, há palavras ainda não escritas.
E há flores que ainda escrevem sem qualquer razão.

Tecla SAP

Mar,
caravela
Tão fundo,
tão branca.
Céu,
gaivota
Tão alto,
tão mansa.
Fogo
lenha,
Tão quente,
tão branda.
Palavra,
poesia
Tão curta,
tão minha.

Já é tarde...

Amanhã, eu sei, fará um pouco mais frio lá fora. Por trás das nuvens brilha o farol naquela ilha onde eu vivi tanto tempo em busca de alguém, em busca do sol. Sei que os caminhos já não me levam a beira do teu mar, não haverá pegadas na areia nem teu nome escrito a dedo, ao lado de dizeres que apontam para mim o quanto estava perdida em um sentimento que não dava orientação alguma.
Amanhã, eu sei, lembrarei um pouco menos da luz do farol da ilha, as ondas terão apagado o rastro de pegadas que não havia, mas eu, eu iria escrever quantas vezes fosse preciso o teu nome na areia, mesmo sabendo que a vida, ou as ondas, me cansariam.
Desde então eu corro contra as marés, eu abomino as estações do ano, elas só me provam que você não está aqui, que nem as águas de março, nem as manhãs de setembro o trazem de volta.
Talvez, eu realmente precise de ajuda para apagar teu nome de vez, mas o mar não me é suficiente, ele é pequeno, tão pequeno diante do que ficou marcado. Talvez falte o meu mergulho, talvez falte apenas a mim no mar.
Onde eu estava com a cabeça? Mas, eu já não me importo. Vou passar um bom tempo escrevendo frases tão vivas de um amor que jaz aqui nesta terra, tão morto, mas tão presente, correndo em minhas veias o teu sangue, tão doado em outra companhia, ah... Como isso me trazia tua dor.
Hoje, se posso questionar os caminhos da vida, vou ficar calada. O certo e o errado já não fazem sentido, eu vou deixar-te livre, mas não de mim. Deixarei você livre de dentro desta caixa lúcida, que tanto me parece louca e insana às vezes. Vou deixar-te livre deste músculo que o aprisiona. Só me prometa que vai voar tão alto para que daqui eu possa vê-lo. Diga para mim, ainda que baixo, o que te fiz nesta vida para que quisesse apagar o meu nome do teu braço?
O teu sangue estancado é o meu que jorra. O teu peito, que hoje vive tão cheio, é o maior vazio que há em mim. O teu beijo, que hoje toca outros lábios, é o gosto mais amargo que sinto. O teu abraço, que hoje contorna outro corpo, é a dor mais violenta que me basta.
Mas a tua felicidade, estampada em teu sorriso, que ainda é meu sol, ainda é a luz do farol da ilha perdida, essa sim ainda é a mesma que a minha. Porque não haverá oposto em mim sobre aquilo que te faz mais feliz do que eu fiz.

Realidade basta

Mas o que eu posso fazer?
O rádio toca uma canção que lembra os velhos tempos
O que fazer se eu me lembro tanto de alguém de quem eu quero esquecer?
Diga pra mim como se limpa um coração
Que eu te escrevo uma frase de perdão
Não há saliva que me baste
Nas palavras que me faltam
Pra falar de você.
Você.
Você.
Não há um porquê,
Não há como cobrir os buracos
Os talhos que ficaram por aqui.
Eu sou jogo incompleto,
O teu futuro é tão certo.
Acho que preciso dormir.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

À deriva



Eu te vejo navegar nas minhas linhas preenchidas
Das águas do teu mar de esquecimento, e
Pelo meu lamento, deixo que naufrague
O teu pouco amor que morre.

Das minhas palavras molhadas reguei tua sorte.
Teu nome entreaberto no meu peito fechado rasga o véu dessa lembrança que não me deixa
Sei de ti e do passo, do teu amor e descompasso
Sei ainda do teu jeito.

Mas já não sei nadar em tuas mentiras,
Já não sei fazer-te rimas
Que Jamais tu lerás.

Mas sei que ainda estou viva,
Vivendo na neblina
Do amor deste rapaz.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ó Pátria Amada, Idolatrada: Salve! Salve-nos!



Não há dor neste mundo que se compare a da perda de um irmão. Não, eu tenho apenas um irmão e este ainda vive sob os cuidados e reprovações dos meus olhos.
Neste abril eu vi morrer dezenas de irmãos, são irmãos primos, irmãos pais, irmãos tios, sobrinhos, filhos, desconhecidos. Irmãos mães, irmãos irmãos.
Não havia um rio de janeiro, havia um mar de abril. As gotas de chuva do céu, das quais eu, como minúscula falante sempre admirei, sempre me comparei ao desejar o toque sutil nas pessoas, a desejar esta capacidade de regar cada folha verde, de abastecer tanta gente que sente sede, de lavar este chão tão sujo de passos de gente, esta mesma chuva que sempre me foi um espelho, por ser ela capaz de estar, ora ao chão, ora nas nuvens, esta mesma dizimou centenas de irmãos.
Pergunto-me, ainda que desnecessária e inutilmente, o que fizemos nós para merecermos tal punhalada nas costas?
Espero, ainda que desnecessária e inutilmente, uma resposta que caia dos céus e que não venha em forma de pingos, mas de palavras de conforto para poder escrever a todas essas pessoas, a todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, não entende porque seus irmãos foram levados, soterrados, mortos.
Se nós procuramos tanto o real sentido da vida, devemos nos atentar à morte. Não há conhecimento sobre ela, apenas um bando de especulações que nós criamos para preencher essa incapacidade do homem de não saber nada, nem sobre sua origem, nem tão pouco sobre seu fim.
Fim. E como saber aonde termina a linha do horizonte, aonde se dobra a última curva da estrada, e em qual página do calendário se é marcado o último dia?
Não há como estancar este mar que hoje desaba sobre a flâmula, já encharcada, não de pingos de chuva, mas de lágrimas órfãs.
Há um gigante e sua própria natureza, e esta mesma natureza se torna gigante diante de nossa querida mãe gentil.
É debaixo deste solo que, veja só, estão tantos filhos deste solo! Filhos que não eram tão queridos por esta ‘mãe gentil’, filhos bastardos, deixados de lado, que hoje moram no coração desta mesma mãe, que só os valorizou quando os perdeu.
Hoje, seus filhos estão deitados eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e a luz do céu profundo, aguardando a vinda de um ser divino para levá-los, quem sabe?
Não se sabe, não se questiona, não se deve acusar um ou outro pelo problema que a sociedade mesmo cavou e hoje, não consegue escavar. Um problema montado pelo sistema que desfavorece o filho mais pobre, que privilegia o que tem poder. Um problema de todas as classes, de não se importar em perceber a incrível e notável diferença entre ruas e lixeiras, há pessoas que as tratam da mesma forma.
Há de se honrar este chão, de amar esta pátria no sentido mais amplo desta expressão. O Brasil não é fruto de um gol em copas do mundo, tampouco da beleza de suas mulheres, ele deve ser visto da camada mais baixa e suja àquela que se diz tão limpa e rica. Os meninos de bem hoje moram nas ruas e, por discrepância do destino, se tornaram maus. Há meninos maus em coberturas milionárias. Há um povo invisível vivendo à margem de uma sociedade que só os enxerga como votos em eleição, este povo não é ouvido, apenas quando seu choro e sua dor são tão altos, um brado, e ecoam e comovem cada pedaço de solo deste país.
Há um povo heróico em que o grito é retumbante! Hoje, de manhã cedo, ao abrir a janela não havia mais aquela terrível, porém necessária, chuva. O Rio havia se iluminado ao sol do novo mundo.
Mas é uma lástima que os nossos bosques já não tenham mais tanta vida.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cais



Sei o que você quer dizer em cada entrelinha do que você não diz,
Entendo os métodos que as nuvens usam para nos confundir.
Ora borboletas e um sorriso feliz,
Ora um pedaço de algodão a se partir.

Os pés na areia fina da praia triste só me levam voltar a crer,
Que destino existe,
E me tirou você.

E trouxe pra perto o silêncio barulhento da minha consciência,
A ânsia de toda e qualquer falta que você me faz.
Seja cinza como a tarde de outono que pede clemência,
Seja azul como uma despedida no cais.

E lá se vai mais um barco,
Mais um caco,
Um pedaço de mim.

Lá se vai mais um sonho,
Mais um salto,
Mais uma flor do meu jardim.

E volta comigo o tempero sem gosto de cada beijo seu,
De todos os amores que tive, no peito ficou você.

Antes tivesse lhe guardado aonde só houvesse breu.
Seu rosto eu não veria, mas não agora não precisaria
Te esquecer.

Estrelas por perto



Começou ínfimo, discreto
Silencioso como os olhos na noite escura.
Estava frio, mas aqui dentro das nuvens
Eu estava segura.

Havia um anjo e um soneto,
Palavras que me levantavam, me levavam
Havia borboletas e estrelas por perto,
E sonhos que não acabavam.

Havia também um homem,
Quase uma criança, quase um pai.
Sorria, acenava e me beijava.
Até me dizer: vai!

Eu fui.

Hoje moro nas esquinas do céu,
Vivo ao lado de um anjo que me acompanhou,
Minha criança, meu pai
O homem-anjo que me amou.

E tudo terminou gigantesco, indiscreto
Barulhento como os beijos na noite escura
Estava quente, mas com você presente
Estarei sempre segura.

Meteorologicamente falando




Sei que ainda é outono. Posso perceber isto porque o vento vem me avisar toda manhã, às 6h. Ainda sinto congelar meus dedos do pé, que a essa altura, ainda estão dobrados e cansados dos longos dias. Abro a janela e puxo o mais violento e gentil oxigênio e o sinto penetrar em meus pulmões, dizendo – bom dia.
Gosto do outono. Não vejo nenhuma folha cair das árvores, mas lembro dos desenhos animados em que isso acontecia. Ando prestando mais atenção nos sinais da vida. Ando modelando-a devagar, pausadamente, sem pressa. O dia de amanhã, o tal porvir, é tão brilhante nos meus sonhos, que eu, sinceramente, tenho medo que chegue depressa. Estou viva. Viva! Nunca dei tamanho valor a essa pequena frase. Ela sempre me pareceu ter dois lados.
Mas hoje vou fazer um favor a mim. O lado negativo vai ser guardado por uns tempos, é hora de pensar no que há de azul do mundo.
Sinto o outono. No ar, no clima, nas mãos, nos beijos. Sinto que o tempo anda passando distraído, e minhas palavras andam frouxas aos ouvidos de quem as quer ouvir. O copo quente de café, o papel e a caneta tem sido meu melhor remédio ao tédio, e não mais aquela monotonia coletiva e ilusória que acreditam ser diversão.
Agora muitos sabem meu nome, gente até demais. Quero o anonimato novamente. Ele jamais voltará. Minhas palavras já estão sacramentadas nas linhas e nas rimas, e escrever tem me sido mais obrigação que prazer. Obrigação comigo mesma, como se eu fosse uma máquina e tivesse que datilografar todos os meus dias. Como se isso ajudasse os dias a passar.
Acho eu que o outono tem chegado ao fim.
Há mais frio agora que antes. O café já esfriou.
Mas os pecados ainda são os mesmos, ainda sinto aquela preguicinha aconchegante de girar o mundo, ando sendo levada demais...
Minha alma nunca foi tão quente, meus medos tão pequenos, e os meus sonhos... Tão reais.

Raiz


De tudo levo um pouco. Hoje mesmo estou levando um pouco do frio que faz lá fora pra dentro de casa. Preciso de companhia. Boa noite.

As coisas demoram muito a se enquadrar, e isso me incomoda, me irrita, desmorona. Ansiedade é um defeito estúpido e babaca que eu tenho.

Hoje estou leve e livre como o ar, mas presa a uma corrente de vento, que tem nome e sobrenome.

De repente tudo parece mais claro. Até o negro da noite.

As estrelas hoje estão mais brilhantes, a cama mais alta, e os olhos mais abertos. Hoje vou sonhar acordada em meio aos pontos brilhantes e aos anjos, e pobre daquele que resolver me acordar.

Continuo trilhando meus caminhos de forma espontânea. Na verdade esse é o nome bonito pra quem está perdido e ao menos sabe o que quer. Só tem uma coisa que eu quero e eu sei. Mas eu não preciso dizer, preciso?

Odeio pés no chão, mas os meus passam longe dos céus. Aquele meio termo ainda me incomoda, mas eu vivo ali naquele meiozinho de quem tem um sofá macio e muita, muita preguiça de agir.

Mas sou ágil. Porém às vezes ir devagar tem suas vantagens.

Tenho garras, sonhos e amor. Aprofundo-me cada vez mais em mim, e cada vez mais me perco dentro de um ser que pouco conheço, ou que adora brincar de pique - esconde comigo.

Não tenho medo de estar sozinha em casa enquanto tudo está escuro. É ali que eu viro estrela.

Mas tenho medo de estar só dentre o mundo, e não poder voltar a ser criança. Ah, como eu queria...

Mas viver de nostalgia só te deixa frustrado, porque você podia ter brincado mais, ralado mais seus joelhos, cortado de novo o cabelo do seu irmão mais novo, sumido por mais tempo como daquela vez, roubado no supermercado, cantado mais alto naquela homenagem de dia das mães daquele primeiro colégio... Você podia ter sido mais feliz, mas isso não vem ao caso.

O caso é que o passado vai ter sempre um gosto mais doce, e tudo vai parecer mais bonito enquanto lá morar. Menos as fotos e os cortes de cabelo.

Mas nessa vida só é preciso amar. O amor é a única máquina do tempo que engenheiro mecatrônico nenhum conseguiu inventar. É reviver os sonhos e catar no lixo as palavras que não deixou que escapassem e dizê-las como não disse antes. É abraçar o que falta e o que já se foi, nem que seja em sonhos. É colher os frutos podres e fazer um doce delicioso deles, e não é impossível. Não pra quem ama de verdade.

Porque a nossa vida é como árvore. Não por crescer aos poucos e dar frutos. Mas é pela resistência de se manter em pé, de dar sombra aos outros, de alimentar quem precisa. Somos humanos, e os frutos não são apenas nossos filhos.

Eles são aquilo que você aprende. Que você ensina.

E ninguém é capaz de inventar felicidade. Ela é um estado de espírito que pertence àqueles que não a buscam incessantemente e a idealizam de alguma forma. Ela está sim no passado, por mais cruel que ele tenha sido. Hoje você e eu estamos aqui, mas não nascemos aqui. Chegamos aqui. Comemore. Falta pouco.

Pouco pra que?

Talvez pra sua próxima meta, pro próximo dia. Afinal, já é noite e estou certa que daqui a pouco virá o sol.

Mas talvez falte pouco pra que você note que você é árvore forte, sozinha no mundo, mesmo tendo outras em volta, e é só você por si.

E você tem o direito a ser feliz.

Seja.

Composição

Lá se vai mais um gole

Mais um acorde,

Mais uma nota da nossa canção.

Lá se vem mais uma noite em claro

Mais meia dúzia de palavras que escapam

Do meu coração.