sexta-feira, 30 de abril de 2010

Já é tarde...

Amanhã, eu sei, fará um pouco mais frio lá fora. Por trás das nuvens brilha o farol naquela ilha onde eu vivi tanto tempo em busca de alguém, em busca do sol. Sei que os caminhos já não me levam a beira do teu mar, não haverá pegadas na areia nem teu nome escrito a dedo, ao lado de dizeres que apontam para mim o quanto estava perdida em um sentimento que não dava orientação alguma.
Amanhã, eu sei, lembrarei um pouco menos da luz do farol da ilha, as ondas terão apagado o rastro de pegadas que não havia, mas eu, eu iria escrever quantas vezes fosse preciso o teu nome na areia, mesmo sabendo que a vida, ou as ondas, me cansariam.
Desde então eu corro contra as marés, eu abomino as estações do ano, elas só me provam que você não está aqui, que nem as águas de março, nem as manhãs de setembro o trazem de volta.
Talvez, eu realmente precise de ajuda para apagar teu nome de vez, mas o mar não me é suficiente, ele é pequeno, tão pequeno diante do que ficou marcado. Talvez falte o meu mergulho, talvez falte apenas a mim no mar.
Onde eu estava com a cabeça? Mas, eu já não me importo. Vou passar um bom tempo escrevendo frases tão vivas de um amor que jaz aqui nesta terra, tão morto, mas tão presente, correndo em minhas veias o teu sangue, tão doado em outra companhia, ah... Como isso me trazia tua dor.
Hoje, se posso questionar os caminhos da vida, vou ficar calada. O certo e o errado já não fazem sentido, eu vou deixar-te livre, mas não de mim. Deixarei você livre de dentro desta caixa lúcida, que tanto me parece louca e insana às vezes. Vou deixar-te livre deste músculo que o aprisiona. Só me prometa que vai voar tão alto para que daqui eu possa vê-lo. Diga para mim, ainda que baixo, o que te fiz nesta vida para que quisesse apagar o meu nome do teu braço?
O teu sangue estancado é o meu que jorra. O teu peito, que hoje vive tão cheio, é o maior vazio que há em mim. O teu beijo, que hoje toca outros lábios, é o gosto mais amargo que sinto. O teu abraço, que hoje contorna outro corpo, é a dor mais violenta que me basta.
Mas a tua felicidade, estampada em teu sorriso, que ainda é meu sol, ainda é a luz do farol da ilha perdida, essa sim ainda é a mesma que a minha. Porque não haverá oposto em mim sobre aquilo que te faz mais feliz do que eu fiz.

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