sexta-feira, 11 de junho de 2010

12 de junho

Por que os namorados contam tanto o tempo? Por qual motivo associam a intensidade do que vivem aos dias, horas e segundos? Relacionamentos cronometrados tendem à técnica, a forma sutil do ponteiro do relógio que, fatidicamente, param por falta de bateria.
O distrair-se torna o tempo aliado, o observar ao redor torna o mundo imenso! Há quem olhe para o calendário e veja momentos, há quem olhe para pessoas e veja folhas de calendário, marcadas dia a dia com a caneta ríspida da rotina. O dia mais importante é o tal dia. O dia de dizer o que sente é aguardado, marcado. Mas oras, que amor é este que é cronologicamente guiado, quando a sua perfeição está na circunstância dos instantes? Vende seus olhos para o tempo, abra seu peito à intensidade. De fato o amor se finca ao tempo, por ser o amor crescente e infinito, mas não é necessário que se busque a perfeição das horas, já que estas também trarão atribulações e rugas. O olhar distraído para dentro de si permite que se enxergue melhor o outro. A partir do momento em que se cobra demais de si mesmo, esta cobrança é transferida àquele que se submete a amar. Por hora, resta-me o que aprendi no meu erro, adoro errar! Se soubesse que num dia tão comum como este, tão insignificante diante da significância dos demais instantes, diria àqueles que amam e tem a quem amar que se distraiam. Que se percam das horas, que se abstraiam das datas, que esqueçam o tempo! Afinal, algo só acaba depois que começa, e se o que se pretende é a eternidade, não busque o gênesis de um amor que não faz parte do tempo, faz parte apenas de si e de sua plenitude.

Um comentário:

Raíra disse...

Lindo, concordo plenamente!