Amar é muito mais que simplesmente amar. É saber amar, deixar amar.
Libertar o que há preso em ti, e prender o que vive solto. É resistir ao tempo e deixar de resistir demais aos momentos. É ponderar as raivas e liberar os extintos, é saber que o amor pode ser belo e lindo, mas que também tem o seu dia nublado. Amar é se permitir, é ter sonhos e com quem os dividir. É ser tolo, inocente, mas não cego. O amor não cega ninguém. Amar só torna as coisas que vemos mais bonitas. Vemos alma nos sorrisos, frutas nos lábios. Amamos o simples fato de sermos únicos e completos quando temos quem amar. Mas amar também é saber perder, deixar partir.
É importante que o amor seja mútuo, porque amor egoísta não vinga. Ele se esconde, se afugenta e acaba morrendo em meio aos medos, em meio ao temor de perder. Devemos aprender a distinguir o amar alguém ou amarmos a nós mesmos. Tem gente que ama o fato do outro o amar.
O amor cresce a medida do tempo, mas se olharmos pra trás, lá mesmo já amamos da mesma forma. Porque eu descobri que não há proporção de amor, nem unidade de medida. Ele nasce e se torna único e eterno, e por isso é lindo. Amor não morre, amor descansa. Amor não vira vaga lembrança, vira sonho acordado. Aquele que se nós o remexermos um pouco, acorda. E por isso vive.
Amar é saber guiar um pássaro sobre os ombros. É saber que ele pode voar há qualquer momento. Cabe a ele voltar ou não. Há alguns pássaros que voam por medo de seguir presos aos ombros, alguns deles sentem saudades do ombro e voltam. Outros descobrem o vôo. Mas há sempre certeza de que uma hora eles precisarão de descanso, e sempre haverá um ombro vazio para um pássaro cansado. Alguns deles se perdem em meio ao ar, não encontram mais os antigos ombros. Esses, geralmente, são pássaros que sempre voarão baixinho, na esperança de encontrá-los.
Amar é deixar que o pássaro voe, mesmo isso doendo tanto. Talvez o meu não volte mais, agora penso que aquele não iria seguir comigo por muito tempo. Sei que meus ombros não ficarão sós para sempre, mas a marca dos pezinhos do passarinho que voou, está selada como tatuagem, não só nos meus ombros, mas no meu peito.
Mas voe.
E que voe o vôo mais lindo, e eu estarei no chão sob a sombra das tuas asas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário