segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Agora


Sinto-me cega de sentidos. Cega de sonhos e de amanhã. O meu olhar que sempre alcançou tão longa distância, hoje me faz tropeçar no agora, como se eu apenas vivesse de olhos vendados.

A razão com que a vida muda é pavorosa, sinto que as mudanças são hóspedes que vêm de surpresa, e alguns, simplesmente, resolvem ficar.

Agora, mais que tudo, é de coragem que eu preciso. Ir além, mesmo voltando a olhar pra trás. Os olhos revelam o desejo escondido, às vezes, friamente mergulhados em mágoas e orgulho.

Dói enterrar um amor vivo. Dói viver enquanto se deseja fugir de si. Dói ser si, dói não ser mais o si antigo, o si que amou, que ama, talvez.

Mas para toda dor, remédio. E para cada remédio, uma contra-indicação.

Agora as madrugadas são longas. Os devaneios, constantes... Os pensamentos vêm e vão como ondas geladas e efêmeras, capazes de desconstruir o que já estava estável.

Por perder-me de mim, agora já não encontro razão alguma. A vida vira uma longa fila de espera de banco, onde qualquer louco assalto pode ser a única emoção. Eu joguei a bula fora. Estou jogando tudo fora, tudo que me lembra quem fui.

Hoje venho até aqui como um quebra-cabeças incompleto, como um rio que já não corre mais, um pássaro que não voa, uma árvore velha...

Venho como o anjo que agora vive na Terra. Havia um buraco no céu perfeito, e foi lá que eu cai.

Mas por incrível que pareça, eu ainda não perdi a mania de me perder nas nuvens.

3 comentários:

Marcelo Alves disse...

Opa, quem diria!
hehe, Mari uma blogueira tbm!
Muito bom o texto! Beijos ;*
Tou te seguindo!

Ryan da Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ryan da Silva disse...

Se vc um dia se perder por ai, há quem ache, e nao vim aqui te "seguir" pra dizer q sou eu , mas tb nao vim dizer que nao posso ou q me nego .Até existe vezes q a ajuda vem de onde menos se espera,e realmente é verdade, caí por aqui meio q de pára-quedas muito bom o texto rs =]
Gostei mesmo cara (Y)