quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A filha do vento


Não sou compacta, nem simples. Não caibo dentro de uma caixa de regras e interesses. Sou do ar. Franca demais. Vivo por um triz comigo mesma, me agrido, me refugio do mundo, mas não o ignoro. Se não pareço demonstrar o que sinto? Sinto muito. Há muito em mim para se sentir. Prefiro os atos às palavras. Gosto de sabores improváveis, e vejo simplicidade como luxo para poucos. Das músicas, as letras geralmente me atraem mais que os acordes. Talvez seja o estúpido romantismo. E há quem não acredite... Meus dramas são anônimos, meus inimigos são personagens que eu mesma crio. Não tenho medo de nenhum confronto, com ou sem eles, sempre fui forte. Mas às vezes fujo como uma criança da briga na porta da escola e choro feito um bebê, mas apenas as paredes vêem. Não tenho paciência para gente efusiva. Acho até que a maioria das pessoas é hipócrita, que os amigos só são amigos até o limite da impessoalidade. Mas guardo comigo as estrelas que me cedem, até mesmo as discretas e pequenas que se intimidam com todo meu exagero. Tenho que tirar uma parte do dia para olhar pro ontem, ou pro amanhã. É quase um vício. Aproveito o trânsito lento, o fone nos ouvidos, e o pratico. Sinto saudades de coisas que não vivi. Amo ao extremo. E há quem não acredite... E se me encontrar sozinha? Não, eu não estou triste. Geralmente as pessoas acham graça das coisas que eu falo ou faço, e isso me diverte mais do que a elas. Talvez seja por isso que quando não estou fazendo caretas, vozes e até coreografias engraçadas, acham que alguém morreu. Costumo acreditar que um copo pela metade está meio cheio, e não meio vazio. Ser positivo te garante pelo menos o direito a fracassar e se sentir idiota. Às vezes isso é bom para se situar. Ainda acredito em amor eterno, mas já chega dessa história de príncipe encantado. Laquê nos cabelos e frufrus não me atraem como um careca bobo que me faz querer viver, me faz querer acertar, ser melhor pra que seja sempre, mas que me mata de cócegas, mesmo isso não sendo nada legal, ok? E sabe, mato um leão por dia. Sirvo a mim de companhia, mas não abro mão de estar com os meus. Escrever é minha terapia, e sou tudo e ao mesmo tempo nada que lêem em minhas poesias. Há várias de mim em uma só, talvez como Pessoa e seus heterônimos. Adeus nenhum me convence do fim. E mesmo as situações em que me vejo no fim da estrada já não me assustam mais. É necessário pés com vontade, coração e mente com coragem para que as estradas se formem. Ah, e de estradas eu entendo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo..